quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A primavera que não desabrochou: reflexões sobre o processo de produção

A produção é um processo que acompanha todas as fases da execução de algum produto. Logo após o surgimento da ideia até a finalização é necessário o envolvimento de pessoas que realizem atividades dentro de um cronograma a fim de que o obra/projeto seja concretizado. Ou seja, a produção que viabiliza a transformação de uma ideia em realidade. Segundo Edgar Moura, em uma produção fílmica, por exemplo,

“existem várias categorias de produtor. São os produtores executivos, os diretores de produção, os produtores de cenário e figurino, elenco e figuração, e ainda os assistentes de produção. Todos fazem parte de uma entidade misteriosa e coletiva chamada produção. Todos da produção se dedicam a uma só coisa: usar o dinheiro que foi conseguido pelo produtor (esse sim, um produtor sem nenhum sobrenome, é a pessoa que realmente levantou o dinheiro para fazer o filme) para colocar o melhor possível diante da câmera.” (MOURA, 2001, p.245).

Para que haja êxito em todo o processo, é necessário que toda a equipe esteja em sintonia com o mesmo propósito. Se esse propósito não estiver claro para todos, há o risco do objetivo não ser alcançado. Geralmente (quase sempre) os objetivos são ligados à aprovação do público/receptores. No filme “Primavera para Hitler” (1968) de Mel Brooks há um exemplo de “desastre” de alcance de finalidades.  Os diretores não são verdadeiros quanto à finalidade do filme que querem produzir, o que deixou brecha para que alguns componentes da equipe “remassem para o lado contrário”. O fracasso do filme, unido a algumas ações criminosas, os deixariam ricos, mas a equipe, sem saber desse “detalhe” fez de tudo para que o produto se tornasse um sucesso. Tudo o que os diretores não queriam!

Assim como em “Primavera para Hitler”, muitas produtos estão fadados ao fracasso por conta de erros na produção que podem ser semelhantes a esse ou em outros níveis. É claro que, mesmo com tudo certo, ainda é necessária a provação (ou não) do público, mas como isso não é totalmente controlável, a parte que está sob o domínio da equipe precisa ser bem feita. Não basta ter uma boa ideia, é preciso executá-la com sucesso.



MOURA, Edgar Peixoto de. 50 anos luz, câmera e ação. 2. ed. São Paulo: Ed. SENAC, 2001.




Evellin Thamyris Fagundes Matos

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Anísio Teixeira e a democratização da educação


Anísio Teixeira (1900-1971), educador baiano influenciou o Brasil através de sua luta pela Educação. 
Criticava um ensino engessado, para ele: "[...] (o) sistema escolar brasileiro é um sistema artificial de ensino, desligado da realidade e da cultura ambiente, com um currículo uniforme, fixado por lei e até programas uniformes e também oficiais, rígidos" (TEIXEIRA, 1956, p. 76). 
Defensor no ensino gratuito, democrático, da aplicabilidade da teorias e priorizava a contribuição para o aprendizado e desenvolvimento de senso crítico dos discentes, ou seja, para ele, a relação ensino/aprendizado não deveria ser um processo "decorativo", mas pensado, refletido  aplicado.
 Para tanto, uma das estratégias sugeridas por ele foi a escola de período integral, da qual ele foi pioneiro.



TEIXEIRA, A. A Educação e a crise brasileira. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1956. 

Evellin Thamyris Fagundes Matos

Paulo Freire e a Pedagogia da Autonomia

Paulo Freire

Paulo Freire (1921-1997), um dos educadores mais influentes no Brasil, deixou um legado reconhecido até hoje. Sua preocupação com a eficácia do ensino e seu empenho para torná-lo real foram notáveis e seus métodos são usados como modelo por muitas instituições. Em um de seus livros, A Pedagogia da Autonomia, Freire reafirma suas ideias, dizendo que "formar é muito mais que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas", a transmissão de conhecimentos por si própria não é objetivo final, mas sim possibilitar que o educando aprenda dentro do seu próprio contexto para que ele compreenda a aplicabilidade do que aprendeu. Isso vale para todos os graus de ensino. 



Recentemente fiz um texto para o componente de Matemática que mostra um pouco da importância de se usar elementos do cotidiano dos "aprendentes" para maximizar a eficácia da aprendizagem:


"O termo “matemática”, geralmente, é mal recepcionado durante o período de aprendizagem no ambiente escolar. Sem estudos prévios, não ousamos afirmar quais causas comprovadas fazem com que essa fama se perpetue até hoje, tendo como conseqüência tamanha rejeição. Porém, com o saber empírico, algumas reflexões podem ser expostas. Por exemplo, percebe-se que no decorrer de anos a metodologia do ensino de matemática pouco se adaptou às novas ferramentas que surgiram com o desenvolvimento das tecnologias, o que pode tornar o processo menos atrativo. Outro ponto, também referente à metodologia, é a falta de clareza quanto a aplicabilidade dos saberes de modo que ele transcenda o espaço escolar, ou seja, os alunos nem sempre ficam cientes sobre o quanto a matemática pode ser usada no dia-a-dia e, por isso, correm o risco de ficar restritos a fórmulas para serem usadas somente em atividades curriculares.
Contra a maré de uma cultura de ensino “arcaico” enraizada por gerações, existem modos que buscam pela inovação. Essa inovação não vem apenas para atualizar as “regras” de ensino, mas para torná-lo mais eficiente. Um exemplo de inovação e valorização da aplicabilidade dos aprendizados em matemática é a etnomatemática. Esse nome dado pelo educador Ubiratan D’Ambrosio, se baseia em uma vertente de realidade cultural para contextualizar o ensino da matemática. Um dos exemplos vigentes de etnomatemática é o uso dos Trançados Bora. Detalhado no texto que leva o mesmo nome, Rodrigo Freitas, mestre em Matemática e escritor, ressalta que, além da valorização da cultura, a análise e estudo dessa arte de “cestaria”, que é comum ao povo Peruano na área Amazônica, constitui-se como fonte rica para transmissão de saberes, como a geometria, por exemplo.

Assim como os Trançado Bora, muitos outros elementos comuns à realidade de determinados recortes sociais podem ser úteis na melhor apreensão do ensino da matemática. Desta forma, a herança de uma transmissão/recepção de conteúdos de forma mecanizada, com o tempo, vai sendo substituída por um processo de construção consciente de saberes."


Evellin Thamyris Fagundes Matos